
O que é?
Parkour, também conhecido como Le Parkour, é uma disciplina física (não esporte) em que os praticantes – conhecidos como traceurs, ou traceuse,
no feminino – usam seu corpo para vencer obstáculos de uma forma rápida
e fluente. No parkour você aprende diversas técnicas, desde como subir
um muro até como pular de um lugar alto, porém o parkour NÃO É UM ESPORTE DE PULAR ENTRE PRÉDIOS.
Ele simula uma pessoa correndo de alguém/algo, ou atrás de alguém/algo,
sem que nenhum obstáculo possa pará-lo, mas não é só isso. Além de
passar pelos obstáculos, você deve executar os movimentos da forma mais
natural e eficiente possível, usando o obstáculo como se fosse parte do
seu corpo. Vale a pena ressaltar que você treina o parkour para você
mesmo, você não faz movimentos para impressionar outras pessoas. Além de
ser contra a filosofia do parkour, isso pode resultar em sérias quedas.

História
O parkour foi desenvolvido na década de 80, nas ruas de Lisse, subúrbio de Paris, por David Belle,
um jovem bastante influenciado pela história de sua família. Seu avô,
pai e irmão mais velho eram bombeiros em Paris. Inspirado por seu pai,
David foi criado nos ginásios de ginástica, treinou artes marciais e
teve sempre como meta o desenvolvimento de seu corpo e a superação
constante de seus medos e limites. Aos 15 anos, Belle resolveu levar
essa experiência para as ruas.
Com seus amigos de infância, incluindo Sébastien Foucan, principal responsável pela criação de várias técnicas e sistematização do free-running,
Belle começou a desenvolver aquilo que anos depois seria conhecido como
parkour. Belle e seus amigos viviam as influências dos salvamentos
realizados pelos bombeiros, do método natural de treinar o corpo
desenvolvido por George Herbert e das técnicas de fuga criadas na guerra
do Vietnã. Fantasiavam situações de emergência onde precisariam
realizar salvamentos em lugares de difícil acesso, treinavam suas mentes
e corpos para superar qualquer obstáculo que encontrassem pelo caminho.
Pelo
parkour ser extremamente plástico e impressionante, David Belle cativou
novos praticantes em suas andanças pela Europa. A popularização mundial
veio graças a alguns filmes com praticantes do parkour. Dirigido pelo
francês Luc Besson, Yamakazi – Os Samurais dos Tempos Modernos (2001) levou o parkour para além das fronteiras europeias. Em 2002, a BBC rodou um comercial para o programa Rush Hour
onde Belle aparecia indo do trabalho para casa ultrapassando obstáculos
incríveis, saltando de prédio para prédio para não perder o programa.
Em 2003, Foucan gravou o documentário Jump London e em 2005 Jump Britain, ambos para o Channel 4. Em 2004, David Belle estrelou o filme 13º Distrito e mais tarde Foucan participou do filme 007 – Casino Royale,
protagonizando uma cena de perseguição em que foge de James Bond. Dessa
forma, o parkour alcançou os quatro cantos do planeta, incluindo
Brasil, África do Sul, Rússia, Estados Unidos, China, entre tantos
outros.

Parkour x Free Running
No
final da década de 1990, David Belle e Sébastien Foucan foram
divergindo seus ideais até que se separaram por completo. Para Foucan, o
parkour deveria ser uma atividade ligada mais às disciplinas orientais,
além de ser aberto a outras influências, tais como break dance. Com o documentário Jump London,
criou-se e popularizou-se o “free-running”. Desde então, o termo vem
sendo usado para denominar a prática conforme divulgada por Foucan, ou
seja, com inclusão de movimentos acrobáticos.
Esses movimentos são
plásticos, porém ineficientes em relação ao conceito de utilidade,
característico do parkour. Até hoje existe a discussão entre os
praticantes sobre o que seria parkour e o que seria free-running.
Movimentos como piruetas, paradas de mão e saltos mortais seriam
free-running, pois, apesar de plásticos e impressionantes, não
apresentam nenhuma funcionalidade real na transposição de obstáculos.
Porém essa discussão é, muitas vezes, valorizada demais.

Filosofia
O
parkour ensina a ser rápido, eficiente e forte fisicamente e
mentalmente. Não para buscar vantagens mesquinhas, mas sim para ser
útil. O praticante de parkour busca constantemente vencer suas
limitações, transpondo obstáculos cada vez mais altos, mais
desafiadores, mais difíceis. A cada dia, o praticante busca saltar mais
longe, escalar mais alto, passar mais rápido, se aproximando ao máximo
da perfeição nos movimentos. Essa busca pela superação de limites é a
filosofia do parkour. As pessoas devem almejar superar seus próprios
limites a cada dia, respeitando seu ritmo e seu corpo.
Com
autoconhecimento e bom senso, mas seguindo sempre em frente, para ser a
cada dia o melhor que puderem. Por isso não existem competições de
parkour, academias, mensalidades, mestres ou nada do gênero. O parkour é
uma experiência individual. Se for mal compreendida, não passará de uma
atividade física interessante, mas tem o potencial de ser muito mais.
Pode ser uma filosofia de vida.
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